Estou sempre do outro lado da mesa numa consulta médica. De frente a mim o paciente que me trás o problema que ele gostaria que eu avaliasse, emitisse opiniões e propusesse um tratamento. Esse é o ritual básico. Todo pautado em conversa e avaliações físicas. Eventualmente seguido de uma solicitação de exames e, por fim uma proposta de tratamento.
Mas nesse ritual algumas coisas são extremamente importantes. E entendo que sem elas o trabalho conjunto (médico + paciente), realizado a partir da consulta fica comprometido. E nesse texto pretendo explicar 5 dúvidas que todo paciente tem e que são imensamente importantes numa consulta de queda capilar.
São elas:
- Qual o meu diagnóstico?
- O que está causando isso (como se estebelece o problema: origem, mecanismos)?
- Qual é o tratamento?
- Quais efeitos colaterais do tratamento?
- Vou ficar careca (reduzir a ansiedade do paciente esclarecendo demais dúvidas que ele tenha sobre o problema)?
Cada uma dessas questões envolve o interesse mútuo de paciente e médico atuarem de forma colaborativa. Natural que num primeiro momento o oferecimento de informações por parte do paciente é extremamente importante para ajudar o médico a compreender o caso que o paciente apresenta. Sem isso, posso garantir que todo o trabalho da consulta fica comprometido.
É fundamental que o paciente saiba qual o seu diagnóstico. Ele tem esse direito e precisa saber o que está ocorrendo com seus cabelos. Uma vez diagnosticado o paciente pode entender melhor seu problema e até mesmo se informar mais sobre ele, trazendo na consulta seguinte novas dúvidas sobre o problema.
Todo diagnóstico acompanha um entendimento do porque a doença ou o problema surgiu. A grande maioria dos pacientes quer saber o que está ocorrendo. Ai entra mais um contexto pedagógico do atendimento médico que visa elucidar o paciente os mecanismos que estão envolvidos na formação do seu quadro clínico, e com isso, muitas vezes fazer o paciente entender o porque de estar tomando uma determinada medicação específica para seu caso.
Sobre o tratamento, em toda e qualquer especialidade médica a escolha do profissional por um medicamento ou procedimento específico está vinculada ao próprio diagnóstico do problema e a alguns fatores que são de grande relevância como: perfil etário, severidade da doença a ser tratada, estado de saúde geral do paciente, riscos de efeitos colaterais relacionados ao medicamento que será prescrito, interação do medicamento que será utilizado com tratamentos de outras especialidades que o paciente esteja fazendo e demais questões que envolvam hábitos dos pacientes (alimentação, esporte, sono, fumo, álcool, consumo de drogas, etc.)
Dizer que um medicamento não tem nenhum risco de efeito colateral é algo que não existe. Sempre haverá algum tipo de situação desconfortável que um medicamento possa gerar. Mas o médico deve estar ciente de que deve, na medida do possível, minimizar essas possibilidades e o paciente certo de que a escolha do médico é pautada nisso. Logo, quando um profissional prescreve uma determinada medicação, a não ser em casos muito específicos, deverá sempre eleger a medicação que tenha melhor eficiência ao mesmo tempo que riscos reduzidos ao máximo para cada um de seus pacientes.
Numa consulta de tricologia, a ansiedade da grande maioria dos pacientes está vinculada a uma situação em especial: saber se vai ou não ficar careca. Esse ponto em especial deve ser tratado de forma muito sincera pelas partes. O paciente deve falar sobre seus medos. O médico, por sua vez, deve dar ao paciente informações que sejam realistas, dentro do cenário atual da ciência que pratica. Sabemos que não existem fórmulas milagrosas, que não existem melhoras da noite para o dia e que há casos em que a melhora do paciente é limitada. Ainda assim, como profissional penso que devo sempre buscar o que posso de melhor nos meus resultados. E, tendo o paciente a meu lado, poder contar com a dedicação dele em relação ao tratamento (para mim, o maior inimigo do sucesso de um tratamento capilar, o paciente que não está empenhado em se cuidar e fica colocando obstáculos no tratamento). Já me surpreendi com pacientes que melhoraram muito mais do que eu esperava, e isso certamente é algo que me felicitou demais. Logo, ainda que eu seja extremamante realista nos meus prognósticos, entendo que resultados acima da médica podem acontecer e, se esse for o caso do leitor que chegou até o final desse texto, teremos um bom motivo para comemorar.