Recebi uma pergunta na caixa e vou responder ela aqui pois ela pode elucidar algumas coisas.
“Dr Ademir, você não tem receio do que vão pensar de você, fica falando mal da finasterida, da dutasterida, os inibidores de DHT, que são boas medicações?”
Vou começar dizendo algo que me faz sentido, diante de tantos anos quase que exclusivamente cuidando de cabelos: Eu não questiono os benefícios dessas medicações, eu questiono os efeitos colaterais em curto, médio e longo prazo. Em especial aqueles que são das áreas da neurologia e da psiquiatria, como depressão, ansiedade, ideação de suicídio.
Além de prescrever, fui usuário por anos de finasterida e dutasterida. Nunca me fizeram mal, exceto pelo fato de que depois de começar a tomar eu percebi uma maior flacidez da minha pele do corpo como um todo.
No começo fui um pouco reticente em crer que poderia ser efeito colateral das medicações, mas quando interrompi, para compreender o que essas medicações poderiam estar fazendo em minha vida, percebi que minha pele foi voltando a ser o que era vinte anos antes, ainda que eu estivesse pouco menos que 20 anos mais velho.
Comecei a usar com 22 para 23 anos aproximadamente, e, em virtude de minha vida intensa e cheia de atribuições, nunca parei para refletir se algo mais estava acontecendo em meu organismo.
Voltei a tomar, após aproximadamente 1 ano de interrupção, por perceber que meus cabelos estavam voltando a cair. A pele em 6 meses estava mais flácida, como na época que eu mantive o uso anteriormente. Mas algo me chamou atenção, quanto mais tempo de uso eu fazia, menos eu percebia que os resultados estavam sendo iguais antes.
Também reparei que um certo grau de ansiedade e tristeza que fazia tempo que eu não sentia voltou. E minha vida na época não justificava aquelas sensações.
Mesmo tomando finasterida e depois dutasterida, eu sempre gostei de estudar suplementação nutricional, uso de antioxidantes, abordagens complementares e que provocavam resultados mais satisfatórios do que os que os pacientes que usavam apenas as medicações percebiam.
Fui meu próprio paciente teste, e junto com a dutasterida comecei a prescrever para mim mesmo alguns suplementos que me faziam sentido. E percebi melhora. Depois, meio que incomodado com os efeitos que eu acreditava que a dutasterida me fazia sentir, resolvi substituir a medicação por fitoterápicos e suplementos nutricionais que tivessem ação no DHT, e não senti diferença alguma na minha resposta terapêutica. Meu cabelo sempre teve períodos de melhora seguidos de platôs, e ainda assim, sem a dutasterida, eu via que isso ocorria.
Estudar mais a fundo os efeitos colaterais da finasterida e da dutasterida me fez reforçar a ideia de não prescrevê-las mais. Além do fato de que com a nova abordagem que tinha instituído a mim mesmo, eu percebia que a ansiedade, a tristeza e a pele mais flácida haviam melhorado.
Conversei com muitos pacientes sobre essa nova forma de abordar o tratamento e muitos deles aderiram. E tiveram a mesma percepção que eu tive em relação ao fato de que não havia nenhuma perda de eficácia com a mudança das prescrições, que era possível o cabelo melhorar sem as “IDAS”, e que alguns efeitos colaterais, nos que tomavam, desapareceram.
Ai, você pode me perguntar, você segue prescrevendo para alguém? Sim, sigo, para os que querem manter por ter receio de tirar a medicação. E para àqueles que não se queixam de efeitos colaterais já estando em uso.
Para os pacientes novos, eu já explico minha abordagem e nem prescrevo.
Hoje, muitos pacientes me procuram exatamente por ter desenvolvido esta metodologia. E posso afirmar que o nível de satisfação é elevado.
Porém, preciso dizer aqui que a entrada no mercado do minoxidil oral fez com que os resultados ficassem ainda melhores. Hoje, esta nova abordagem que eu passei a orientar para os pacientes pode ser associada ao minoxidil oral quando há indicação.