Os surfactantes, como o SLS (sodium lauryl sulfate) e o SLES (sodium laureth sulfate), são os agentes que fazem os shampoos espumarem e removerem a oleosidade e sujeira dos fios. Embora sejam eficazes, têm recebido críticas devido à possibilidade de causarem irritação no couro cabeludo, ressecamento excessivo dos fios e danos às cutículas capilares. Isso alimentou o crescimento do mercado de shampoos sem sulfato, projetado para atingir US$ 5,61 bilhões até 2030. Mas será que esses produtos realmente são mais gentis e eficazes, ou são apenas mais uma tendência de mercado?

Os artigos analisados oferecem uma visão abrangente sobre os prós e contras dos sulfatos. Enquanto estudos apontam que o SLS pode ser irritante para a pele em concentrações mais altas ou em exposição prolongada, especialmente em pessoas com pele sensível ou condições como rosácea, outros mostram que seu uso em shampoos convencionais é seguro quando bem formulado e enxaguado adequadamente. O relatório clássico do American College of Toxicology (1983) ressalta que produtos com sulfatos são seguros para uso breve e enxágue completo, desde que a concentração não ultrapasse 1% em formulações de contato prolongado.
Por outro lado, pesquisas sugerem que shampoos sem sulfato podem ser menos agressivos, preservando os óleos naturais do couro cabeludo e dos fios, o que os torna uma escolha popular para cabelos secos, quimicamente tratados ou cacheados. No entanto, a falta de sulfatos também pode dificultar a remoção completa de resíduos e oleosidade em algumas formulações, exigindo combinações de surfactantes alternativos que nem sempre têm a mesma eficácia.
Outro aspecto relevante é o impacto ambiental. O SLS e o SLES são biodegradáveis e, em sua maioria, seguros para o meio ambiente, conforme padrões como o OECD 301. No entanto, questões como a derivação de matérias-primas de fontes não sustentáveis, como o óleo de palma, continuam sendo uma preocupação ambiental e ética.
Dr. Paul Cornwell, do TRI Princeton, destaca que o desenvolvimento de shampoos sem sulfato é um avanço técnico que busca atender à crescente demanda do consumidor por produtos mais suaves e sustentáveis. Contudo, ele alerta que nem todos os produtos “livres de sulfato” cumprem essas promessas e que, frequentemente, o desempenho pode ser inferior em alguns aspectos, como formação de espuma e limpeza profunda.
Em resumo, a escolha entre shampoos com ou sem sulfato depende das necessidades individuais do cabelo e couro cabeludo de cada paciente. Para profissionais da área capilar, compreender os detalhes desses componentes e orientar adequadamente os clientes é fundamental para evitar frustrações e maximizar os benefícios. Afinal, tanto os shampoos convencionais quanto os sem sulfato têm espaço no mercado, desde que usados com propósito e de maneira informada.
Referências:
- Bondi et al., Human and Environmental Toxicity of Sodium Lauryl Sulfate, Environmental Health Insights, 2015.
- TRI Princeton, Sulfate-Free Shampoo: A Beauty Fad or Something More?, 2024.
- Final Report on the Safety Assessment of Sodium Lauryl Sulfate and Ammonium Lauryl Sulfate, American College of Toxicology, 1983.
- Simply Organic Beauty, Why Sodium Lauryl Sulfates Are Causing Hair Loss, 2023.