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SINTO UMA DOR ENORME A CADA CABELO QUE VEJO CAIR

A frase que dá título a este texto é de uma paciente. Dando sequência a um conjunto de textos que devo escrever sobre os sentimentos de quem vive a queda capilar, resolvi utilizar esta frase para dar ao leitor uma pequena ideia do significado que o cabelo pode ter para um(a) paciente. 
Frases como essa são carregadas de emoção. Trazem consigo o peso de uma perda física. Perda que para muitos não tem relevância nenhuma, mas para “os escolhidos” (aqueles que, por algum motivo desenvolvem uma perda capilar), pode chegar ao nível do sentimento da perda de um membro. Não, não é um exagero. Basta ter tempo para ouvir o relato de quem perde cabelos e perceber, naquelas pessoas que se importam com isso, quanta emoção há envolvida. 
Esta dor, a dor da perda do cabelo, é um sinal importante do valor que o profissional tem de dar ao seu paciente. Lamentavelmente nem sempre é assim. Mas precisa ser. E os profissionais que cuidam da queda de cabelo precisam estar preparados para isso. Não basta saber fazer chover. Conhecer todas as técnicas. Quando esse sentimento dolorido que a perda capilar causa é a consequência e também a causa de uma queda capilar, às vezes, a melhor forma de ajudar é aliviando a dor, e não através do cuidado exclusivo com a perda de cabelos. 
É preciso saber o que se perde junto com cada fio. O significado simbólico dos cabelos para aquela pessoa que sente a dor. E é isso que faz com que algumas pessoas liguem mais para os cabelos que se vão e outras não estejam nem aí. O que o cabelo significa para cada pessoa é algo que precisa ser desvendado de forma objetiva (através daquilo que o paciente expressa em uma boa anamnese), assim como através do que emerge subjetivamente (expressos de outras formas menos objetivas, ainda que isso também possa ocorrer a partir da fala) a cada encontro que temos com o paciente. 
Reforço que, mais difícil do que tratar uma queda de cabelos é tratar a dor emocional de quem perde cabelos. E, se essa dor é grande, é por aí que devo começar o tratamento. Me preparei para isso ao longo dos anos e tem dado certo. Não foi a toa que encontrei esse substrato importante na psicologia, na filosofia e na antropologia para agregar ao meu trabalho médico. E quanto mais leio, estudo, converso com pessoas mais versadas nestes assuntos, mais aprendo. 
E quanto mais converso com esses pacientes, mais aprendo. Sobre a dor deles e a minha dor, aquela que eu, no meu texto POR QUE TENHO MEDO DE FICAR CARECA? (http://www.blogtricologiamedica.com.br/2018/07/porque-tenho-medo-de-ficar-careca.html) tento descrever. 
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