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Tratamento de problemas capilares com métodos complementares – Destaque para Hipnose e Métodos Cognitivos Comportamentais

Em 2005 o Médico da Universidade da Califórnia Dr Philip D Shenefelt teve um interessante artigo de sua autoria publicado pelo Dermatologic Clinics. Tratava-se de uma revisão de literatura muito bem escrita sobre terapias complementares nos cuidados dermatológicos, incluindo as quedas capilares.

Entre os assuntos que o Dr Shenefelt trata em seu artigo alguns métodos merecem destaque, entre eles a acupuntura, a aromaterapia, o biofeedback, o cognitivo-comportamental, a hipnose (já tratada aqui neste blog no texto: Hipnose no Tratamento da Alopecia Areata), o placebo e a sugestão médica.  
No artigo certas manifestações capilares são beneficiadas após o uso de alguns dos métodos citados, é o caso da psoríase (que pode acometer o couro cabeludo), quando tratada com a hipnose e apresentando estudos que mostram sérias evidências positivas do uso deste método em seu tratamento, assim como a alopecia areata e a tricotilomania (hábito de arrancar cabelos), com número limitado de pacientes apresentando benefícios com a hipnose.
A tricotilomania também é citada no artigo como responsiva aos métodos cognitivos-comportamentais, onde são utilizadas técnicas como: automonitorização do hábito de arrancar cabelos, controle dos impulsos induzindo o paciente a pensar nos pontos negativos relacionados a estes hábitos, treinamentos de como se evitar o hábito, substituição do hábito de arrancar os cabelos por outro(s) hábito(s) mais saudável(is). Apesar de ter sido realizado com poucos pacientes, apenas 3, o estudo citado na revisão de literatura do Dr Shenefelt mostra resultados  significativos no controle dos casos.
Recentemente realizei uma pesquisa sobre meditação assoicada aos tratamentos convencionais da alopecia androgenética. Este estudo está na grade de palestras do Encontro Anual da Sociedade Europeia de Estudos e Pesquisas em Cabelo (European Hair Research Society). Pretendo comentar este estudo apenas após já ter apresentado seus resultados neste encontro que ocorrerá em Jerusalém no mês de julho próximo, mas posso garantir que fiquei muito feliz com os resultados obtidos pelo grupo de pacientes que praticou meditação durante o tratamento pois teve resultados melhores que os apresentados pelos pacientes.
Estou cada vez mais convicto de que numa sociedade onde o imediatismo, as exigências e as responsabilidades são cada vez mais presentes, técnicas de relaxamento ou complementares ajudam na recuperação dos pacientes, principalmente quando associados às prescrições bem elaboradas após um diagnóstico médico preciso. Apesar de saber que muita gente é contra ou não acredita neste tipo de conduta, os dados de pesquisas vão se mostrando cada vez mais contundentes e permitindo que de pequenas amostras estudadas venham a nascer estudos com amostras maiores e mais elaborados. 
Quem não concorda, que discuta com um ortopedista ou neurologista, por exemplo, a importância do alongamento, pilates e até mesmo da acupuntura em quadros ortopédicos e neurológicos da coluna vertebral e medula nervosa. Que discuta a importância de um bom sono, de uma boa alimentação, da atividade física e até mesmo de momentos de lazer em pacientes com hipertensão arterial ou gastrite com um clínico. 
Que tente argumentar contra uma psicoterapia bem feita para o tratamento de doenças reconhecidamente relacionadas ao estresse, como a psoríase, a dermatite seborréica ou a alopecia areata, em conjunto com os tratamentos dermatológicos. 
Voltando ao artigo do Dr Shenefelt, acredito que, sendo a hipnose, as técnicas cognitivo-comportamentais e a própria meditação métodos que podem beneficiar um paciente que sofre com um problema de saúde e ajudar em sua recuperação, não tenho nenhuma restrição a elas. 
A obrigação do profissional da saúde é usar do seu bom senso. A medicina é a arte do bom senso. E quando percebemos que além dos tratamentos convencionais outros métodos podem ser de grande ajuda para quem sofre de problemas de saúde, e desde que não venha a piora-los mas sim agregar benefícios, não vejo porque não os aceitarmos.

Referências:
Shenefelt PD. Complementary Psychocutaneous Therapies in Dermatology. Dermatol Clin. 2005;23:723-734.
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