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SAIBA COMO A NANOTECNOLOGIA PODE CONTRIBUIR NO TRATAMENTO DA DERMATITE SEBORREICA E OUTRAS DERMATOSES DESCAMATIVAS

O texto de
hoje aborda três temas muito relevantes para a tricologia: dermatoses
descamativas do couro cabeludo (leia-se aqui dermatite seborreica, psoríase e
tinha, por exemplo), aplicabilidade do ácido salicílico (um ativo farmacêutico
e/ou dermocosmético muito útil) e a nanotecnologia. Não conhece nada sobre esta
última? Leia esse post e inicie essa jornada.
As dermatoses
descamativas do couro cabeludo são doenças de pele comuns que podem ser de
caráter genético (psoríase e dermatite seborreica) ou adquiridas (tinha do
couro cabeludo e dermatites de contato). Em ambos os casos, questões
comportamentais e ambientais (a tão falada epigenética) podem precipitar e exacerbar
as suas manifestações. Para mais informações sobre dermatite seborreica e
epigenética, você pode ler esse e esse post, respectivamente, elaborados pelo Dr. Ademir Jr.
Manifestação da dermatite
seborreica em couro cabeludo.

Fonte: http://hardinmd.lib.uiowa.edu/dermnet/seborrheicdermatitis15.html

Uma rápida
pincelada sobre dermatite seborreica (DS) para que você entenda o que esta
patologia tem a ver com os outros dois temas de hoje (ácido salicílico e
nanotecnologia). Conforme Sampaio e colaboradores em uma revisão publicada em
2011, a DS, popularmente conhecida como caspa, trata-se de uma doença inflamatória crônica
comum, que acomete cerca de 1 a 3% da população. Pode acometer pessoas de
qualquer faixa etária, sexo e etnia, no entanto é mais comum nos recém-nascidos
até os 3 meses de vida, pós-puberdade e na fase adulta entre 30 e 50 anos,
sendo os homens mais acometidos do que as mulheres, possivelmente devido à
influência da maior quantidade de hormônios andrógenos neles. A saber, os
andrógenos estimulam a produção de sebo, por isso aventa-se tal relação.
Clinicamente observam-se áreas avermelhadas, com descamação que pode variar de
suave (quase imperceptível) a severa (placas descamativas) normalmente de
coloração mais amarelada devido à presença do sebo. A influência de fungos do
gênero Malassezia, embora questionável, é frequentemente associada ao
desenvolvimento da patologia. Reforça-se a possibilidade de que este fungo
exerça papel importante na DS uma vez que tratamentos a base de antifúngicos
frequentemente são eficazes. As áreas corporais acometidas normalmente são
aquelas onde há maior quantidade de glândulas sebáceas, como rosto, couro
cabeludo, peito e costas. Há muito mais a ser discutido sobre a patologia, mas
sabendo que você não tem todo o tempo do mundo para ler este texto, deixo o
título de um artigo (em português) para os interessados.

O tratamento da dermatite seborreica
no couro cabeludo pode ser feito com diversas estratégias. Pensando em terapia
capilar (ou seja, procedimentos que podem ser realizados por profissionais
aperfeiçoados em cuidados dos cabelos e couro cabeludo), são inúmeros os óleos
essenciais com ação antimicrobiana e antiseborreica. Além disso, o equipamento
emissor de ondas de alta frequência também é uma opção por sua capacidade de
produção de ozônio, que é antimicrobiano, apesar de serem escassas as bases
científicas do mesmo. A aplicação de argila, especialmente a verde, pode
beneficiar o quadro à medida que tem propriedades adstringentes e secativas,
além de poder ser usada como um esfoliante físico funcional. Cosmeticamente
falando, é fácil encontrarmos nos supermercados e farmácias xampus de venda
livre para o tratamento da caspa. Podem funcionar para uns, mas certamente não
darão conta de controlar os casos de caspa de outros. Isso só reitera a
importância da consulta médica, tanto para a definição do diagnóstico quanto do
tratamento. Corticóides de baixa e média potência são bastante utilizados para
controlar a inflamação da DS, mas cuidado com o uso por tempo prolongado, pois
há riscos importantes associados (leia este post para informações sobre
corticoterapia – riscos e benefícios). Se quiser dicas de mudanças comportamentais que podem ajudar na resolução do quadro, acesse esse post
.
Representação esquemática do processo de liberação gradativa de
 ativos a partir de nanopartículas. 

Um dos ativos
mais utilizados para o tratamento de dermatite seborreica é o ácido salicílico,
uma substância com comprovada atividade anti-inflamatória e antimicrobiana. Por
suas propriedades, é muito empregado no tratamento e abrandamento de outras
patologias dermatológicas, como acne, calos, verrugas e psoríase. É um composto
que remove parcialmente os lipídios entre as células córneas (células mortas
que compõem as primeiras camadas da epiderme, denominado de estrato córneo) e
atua como queratolítico, ou seja, é capaz de facilitar a descamação. Pacientes
com dermatite seborreica no couro cabeludo apresentam excesso de oleosidade,
descamação e inflamação. O ácido salicílico atua no abrandamento de todos estes
sintomas. Quais são os problemas associados a ele, no entanto? Ao mesmo tempo
em que este ativo é indicado para tratar inflamações, e
m regiões inflamadas ele pode desencadear efeitos
irritativos, especialmente quando associado com corticóides ou antifúngicos,
algo muito frequente. Pois bem, eis que entra em cena o terceiro pilar do post
de hoje, a nanotecnologia. Já existem disponíveis para venda às farmácias de
manipulação e indústrias matérias primas cosméticas nanotecnológicas contendo
ácido salicílico. Difícil de entender essa última parte? Vamos de novo.
Nanopartículas (partículas muito pequenas, invisíveis a olho nu, na ordem de
100 – 500 nm normalmente) podem carrear ativos no seu interior ou aderidas à
superfície. Qual seria o possível benefício ao usar um sistema como este, que
tem um custo maior? O principal benefício, neste caso, consiste na diminuição
de reações de irritação devido à capacidade das nanopartículas de liberarem o
ativo gradativamente. E por que isso faria diferença? As substâncias quando são
aplicadas sobre a pele podem desencadear algum processo irritativo dependendo
da quantidade utilizada. Ou seja, quanto mais da substância entra em contato de
uma só vez com a pele, maior a chance de reações indesejáveis locais. As
nanopartículas proporcionam a grande vantagem de alterar o perfil de liberação
dos ativos para um perfil gradativo, evitando uma dose muito alta da substância
de uma única vez, diminuindo significativamente o potencial de reações adversas.
Para os formuladores que tiverem interesse, a Biotec distribui no Brasil a
matéria prima Nanospheres 100® ácido salicílico.

Se você tiver interesse sobre como a nanotecnologia pode ajudar no tratamento da dermatite seborreica e outras alterações capilares, bem como quais são os produtos do mercado que utilizam nanotecnologia para cuidar da saúde e beleza dos fios, no próximo domingo teremos um curso teórico e prático ministrado por mim e mais 3 profissionais no CAECI. Mais informações: www.caeci.com.br
Referências:
Sampaio ALSB et al. Dermatite
seborreica. An Bras Dermatol. 2011;86:1061-74.
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