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VOCÊ SABE POR QUE OS SEUS CABELOS FICAM BRANCOS?

Imagem 1: A canície é uma manifestação associada com
o envelhecimento.
A canície ou o grisalhamento dos
cabelos é, sem dúvida nenhuma, um sinal visual associado ao envelhecimento.
Você pode até estar confortável com os seus cabelos branquinhos, sentir-se
estilosa(o), charmosa(o) e tudo mais, mas é bem provável que 99% das pessoas ao
verem uma foto de um pessoa com cabelos brancos diriam que isso está mais para
sinal da “idade” do que qualquer outra coisa. Há uma “regra dos 50” que diz que
aproximadamente 50% dos caucasianos (pessoas de pele clara) aos 50 anos de idade
terão 50% dos cabelos brancos. Mas qual é a idade média em que os primeiros
cabelos brancos são vistos? Estima-se que lá pelos 35 a 40 anos. Sabe-se que o
ciclo capilar tem cerca de 3 anos e meio, desde o início do crescimento do fio
até a sua queda. Sendo assim, cerca de 10 ciclos de crescimento capilar
aconteceriam com contínua pigmentação dos fios formados. Gradativamente, alguns
fios de cabelos terão uma quantidade menor (acinzentados) ou ausência total
(brancos) de pigmento.
Imagem 2: Representação esquemática da “teoria do
 estresse oxidativo” como uma das causas de
embranquecimento capilar. Fonte: Arck et al, 2009.
Pois bem, vamos entender um
pouquinho sobre os motivos que nos levam a ficar de cabelos brancos. Antes de
tudo, é importante sabermos que com o envelhecimento os danos causados pelas
espécies reativas de oxigênio, vulgarmente conhecidas como radicais livres, levam
a um número crescente de mutações no código genético (DNA mitocondrial ou
nuclear) e à diminuição da proteção natural do nosso organismo contra estes
oxidantes. Vale lembrar: nosso organismo possui um sistema capaz de neutralizar
parte dos radicais livres gerados; quando ele cumpre perfeitamente esta função
há um equilíbrio que favorece a saúde do organismo como um todo, inclusive do
foliculoso piloso (representado pela gangorra em equilíbrio na parte alta da
imagem 2). Fazem parte do sistema antioxidante dos melanócitos as enzimas
superóxido dismutase, glutationa peroxidase e catalase, além das proteínas
TGP-2 e BLC-2. Quando esta capacidade é superada constitui-se um quadro de
estresse oxidativo (gangorra em desequilíbrio na parte baixa da imagem 2).

Acredite, aquela expressão
“você/isso está me deixando de cabelos brancos” tem lá seu fundo de verdade. O
estresse emocional pode ser um fator precipitante do embranquecimento capilar,
pois gera estresse oxidativo. Além disso, o próprio processo de síntese de
melanina já é capaz de gerar radicais livres. Sem falar da exposição solar,
especialmente à radiação UVA, capaz de agravar o quadro de grisalhamento.
Especificamente falando do
folículo piloso, o estresse oxidativo contribui no aumento da inflamação, na
redução do crescimento do cabelo, na piora de quadros de calvície e na antecipação
e/ou intensificação do grisalhamento. O grisalhamento ocorre quando o excesso
de radicais livres interfere no funcionamento do melanócito, célula responsável
pela produção da melanina. Duas situações correm em paralelo: 1) A morte dos
melanóticos (apoptose); 2) Defeitos na diferenciação e/ou a falta de células
tronco que originariam novos melanócitos.
E agora que já temos uma pequena
noção do que causa o grisalhamento capilar nos resta saber o que pode ser feito
para evitar que isto aconteça. A literatura científica ainda não apresenta
estudos consistentes demonstrando a eficácia de algum medicamento ou cosmético
com esta proposta, mas há alguns ativos que têm sido empregados. Seus
mecanismos de ação estão relacionados à fisiologia do quadro, ou seja, se um
dos problemas é o excesso de radicais livres (moléculas oxidantes), é racional
usarmos antioxidantes como uma tentativa de prevenção. Dentre os mais
popularmente utilizados estão as VITAMINAS C e E, a COENZIMA Q10, além das
enzimas  SUPERÓXIDO DISMUTASE e CATALASE.
Além de estarem presentes em cosméticos com a promessa de evitarem o
embranquecimento capilar e reverterem parcialmente o quadro de canície, algumas
destas substâncias podem ser ingeridas através da dieta. A catalase, por
exemplo, pode ser encontrada em alimentos como o espinafre e o abacate.
Embora a segurança e a eficácia
destes produtos ainda precisem ser estabelecidas, há uma tendência da indústria
de acompanhar os estudos científicos que passam a deixar mais claro os porquês
da perda de cor dos cabelos. Estamos acompanhando as novidades e, claro, sempre
que houver algo interessante repartirmos com vocês.
Para os interessados na área, fica o convite para participarem do III Congresso Internacional de Tricologia e Ciência Cosmética da International Assotiation of Trichologists que acontecerá nos dias 27 e 28 de julho, em São Paulo. Para maiores informações, acesse www.caeci.com.br/cit2015. Estarei lá durante todo o evento e palestrarei sobre o tema do nosso texto de hoje.
Fontes de consulta:
Seiberg, M. Age-induced hair greying the
multiple effects of oxidative stress.
International Journal of Cosmetic Science, v. 35, p. 532–538,
2013.
Arck
et al. Towards a “free radical theory of graying”: melanocyte apoptosis in the
aging human hair follicle is an indicator of oxidative stress induced tissue
damage FASEB J. 20;E908-20, 2006.

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